quinta-feira, 24 de março de 2011

Da música baixada

Bem, eu sei que já passou um pouco o buzz a respeito do assunto que inicia o texto, mas não se assuste.

Recentemente, Jon Bon Jovi criticou o modelo de negócios da Itunes e seu criador, Steve Jobs. Segundo Bon Jovi, a compra de música digital acabou com a magia de ir a uma loja, ficar olhando as capas dos disco, admirando a arte, os encartes e imaginar o som que teria uma ou outra banda. O cantor chegou a sugerir que era divertido às vezes comprar um disco só pela capa.

Eu imagino que tais declarações foram recebidas super mal e que Jon Bon Jovi deve ter virado motivo de piada mundo a fora. Principalmente pelo fato da sua banda não lançar um disco de sucesso desde sei lá quando, talvez o ultimo disco de inéditas que tenha tido alguma relevância tenha sido o Keep the faith, de 1992.

Pois bem, mas antes desse caso acontecer eu já vinha pensando em algo de certa forma relacionada com essa história.

A nossa geração presenciou de camarote todo o processo que envolveu o definhamento do antigo modelo de negócios da industria musical e suas tentativas patéticas de tentar estancar o sangramento.

Quando as trocas de arquivos mp3 surgiram na internet eu fiquei maravilhado. Finalmente poderia escutar quase tudo o que queria e não gastar quase nada.

O começo foi maravilhoso, passei por todas os principais meios/softwares de download de musica que foram surgindo. Desde o site mp3.com e depois o Napster, kazaa, Soulseek, Limewire até estacionar nos torrents.

Foi divertido. Ainda é, mas....

Eu agora vejo uma desvantagem nesse processo todo. Essa situação de você ter a música que quiser na hora que quiser, sem pagar nada por isso, torna tudo muito fácil. As vezes me sinto banalizando a musica. Fica parecendo que tudo é meio descartável. Eu vou lá, baixo uma disco, escuto 2 ou 3 vezes e depois esqueço dele, perdido ali no meio de gigabytes de mp3s...

E a cada dia que passa eu sinto a necessidade de baixar mais cosias, de querer escutar todo dia algo novo. Até que ponto isso é saudável? Eu nunca vou conseguir escutar toda a música do mundo... Nem toda música boa do mundo.... Então por que todo esse apetite? A impressão que eu tenho é que o único limitante para eu parar de baixar musica é capacidade do HD do computador.

Outro ponto é: quando uma banda grava um disco, ela tem todo direito de receber dinheiro pelo trabalho, se assim ela desejar. Afinal alguém teve que pagar pelo estúdio, pelas pessoas que trabalharam nele, pelos que trabalharam as músicas. Alguém é pago para manter o site bonito da banda. Um agente é pago para organizar os shows dessa banda e muito mais...

Hoje eu gostaria mais de poder pagar pelos discos que eu ouço. Até por uma questão de conforto. Estou começando a ficar com preguiça de sempre ter que sair explorando os cantões da internet, procurando alguns torrents de discos que não são tão populares. Mas no Brasil não há, até hoje, um sistema que chegue aos pés do iTunes para compra de música. Então eu continuo baixando gratuitamente. Mas já não me orgulho muito disso.

6 comentários:

Érica Beltrame disse...

Legal a colocação da banalização da música. Sinto a mesma sensação, e não só na musica, mas também com filmes, livros, exposições etc...O “vilarejo digital” trouxe a nossa geração a praticidade porém nos tirou o prazer do desejo de comprar um disco, a ansiedade da espera quando tinha que ser encomendado, no que desrespeito aos livros é o prazer de cada folha virada, o cheiro das folhas novas, e assim segue o falso prazer do vilarejo digital.

Unknown disse...

A mudança da tecnologia remove alguns rituais, mas pode criar outros. Opções são feitas, e perdem-se algumas coisas para ganhar em outros campos. Isto não é exclusividade da história recente. A caneta esferográfica não "trivializou" a escrita? Não havia todo um preparo, uma técnica cuidadosa para molhar a caneta-tinteiro e usá-la corretamente? Podemos criticar quem tem saudade de escrever desta forma? Não precisamos abraçar o saudosismo. Por que não usar as novas possibilidades e criar novos rituais?

Sel disse...

Eu adoro passar horas na Livraria Cultura desejando CDs e DVDs. Sei que não posso ter todos, mas só o fato de conhecer, ouvir um pouquinho, já me satisfaz.

Tenho iPod desde 2005 e só coloco nele música que eu tenho em CD (ou de disco emprestado) ou de algum amigo músico que tenha repassado o mp3 produzido por ele.

Sou contra a compra de CDs e DVDs piratas porque se eu pago impostos, aquele cara que me perturba quando estou em bares e restaurantes não pode ganhar dinheiro sem dar a sua participação ao estado.

Há dias em que sinto falta das fitas cassetes que eu ganhava dos meus primeiros namorados...

Beijos.

Rafael disse...

Pois é, o prazer físico de tocar, ver algo... sinto falta. Transferi esse prazer para os livros e revista. Agora chegaram os tablets. Logo o prazer vai ficar só com os livros... E depois?

Estou ficando velho!

Talita Prenholato disse...

Pois é...tens toda a razão..por isso ainda tenho poucos CDs...que escuto repetitivamente! rs

~reinaldo rocha disse...

Fala Rafael, aqui é o Reinaldo Rocha do caverna do dragão. O roteiro foi criado por um dos 12 roteiristas do desenho animado. Ele foi pra nova yorque sem um puto no bolço e arrumou emprego como roteirista na BBC. Ele escreveu 7 episodios, os mais sombrios da serie. Depois q a serie foi cancelada ele escreveu esse roteiro pra finalizar a terceira temporada do desenho animado dando abertura pra uma quarta. Que eles poderiam voltar pro mundo deles e pro do caverna qualquer hora. Como em jogo de RPG. Mais o diretor da serie não quis comprar. O nome do escritor é Michael Reaves. E é um cara muuuito pirado. Fico muito feliz com seu interesse e fico feliz dimais q tenha gostado! abs! esse eh o site dele http://www.michaelreaves.com/requiem_preface.htm