sábado, 31 de outubro de 2009

Viagem Portugal

Estive na Europa entre os dias 22 e 29 de outubro, para ir, em Milão, a uma feira de produtos e equipamentos para cafeterias, sorveterias, restaurantes e hotéis. Já havia estado nesta feira, a Host, em 2005 e esse ano voltei com meu pai para ele conhecer essa que é considerada a maior feira do gênero no mundo. O complexo feiristico de Rho-Milão é monstruoso. E essa feira ocupa o complexo quase inteiro. É algo que só quem já esteve lá consegue compreender. Pois bem, em 2005 eu ainda não era um enófilo apaixonado e basicamente não aproveitei nada da oferta infinita de vinhos que existe por lá, por preços no mínimo 1/3 mais baratos do que você encontraria na importadora mais barata do Brasil. Para mim um mero passeio num supermercado qualquer de bairro já equivale a uma criança solta da Disney.


A viagem começou por Portugal, aproveitamos a escala em Lisboa, para dormir 2 noites na terra de nossos patrícios. Eu nunca havia passado por lá. A cidade de Lisboa não tem a exuberância de uma Paris, Londres, Madrid ou Barcelona. E isso eu imagino que deva desapontar muita gente. Inclusive, uma olhada rápida e distraída nos faria pensar que estamos no centro do Rio de Janeiro ou em uma espécie de Ouro Preto super-populosa. Mas não se engane, Lisboa é uma cidade tipicamente européia, com mais de mil anos de história, muita beleza e um povo acolhedor. Como o segundo dia foi passado no Alentejo, um dia é absolutamente nada para conhecer essa cidade. E não vou me delongar em minha impressões a respeito da cidade, culinária e etc... Quer comer um bom bacalhau em Lisboa? É fácil: Em qualquer lugar da cidade se come um bacalhau no mínimo descente. Etc etc. etc...


Vamos aos vinhos e as impressões que eu tive

- Na minha curtíssima estada em Lisboa não me esbarrei com nenhuma enoteca, totalmente decepcionante.

- Eu imagino que deva haver algumas enotecas em Lisboa, até tinha o endereço de duas delas. Mas pensei que haveriam muito mais.

- Eu vi muitas lojas que vendiam souvenires e entre eles o vinho do Porto. Mas o vinho era vendido apenas como uma lembrança, nem parecia que era feito para ser bebido, vi até lojas que ofereciam rótumos costumizados, ou seja tanto faz quem fez o vinho é tudo Porto... credo!

- No Almoço bebi um Leda 2007 da Casa Ferreirinha. Vinho simples e barato (Em Porgual custa 3 euros, no supermercado. Aqui no Brasil R$ 44,00 na importadora... :-\

- À noite fui Jantar no 100maneiras, um restaurante Contemporâneo que só vende o menu degustação deles. Interessante, mas as portuguesas que nos atenderam eram mais... Porém o vinho que tomamos. Meandro do Vale Meão 2006 estava maravilhoso! Muito bom mesmo, um vinho leve, frutado sem ser doce. Elegante... Duca... Paguei no restaurante, cheio de nove horas 30 euros. Aqui no Brasil ele custa isso na importadora e o dobro disso em um restaurante igualmente cheio das nove horas.

- No dia seguinte fui visitar a Herdade do Esporão, no Alentejo. Chegar lá foi um pouco chato. Acordamos super cedo para pegar o primeiro ônibus para Évora que sai às 08h. São 2 horas de viagem até essa cidade no coração do Alentejo. Muito simpática e medieval. De lá outro ônibus até Reguengos de Monsaraz (mais um hora e tanto de viagem, passando por um monte de vialrejos). Chegando em Reguengos tivemos que andar um tanto até achar um taxi que nos levaria à Adega.



- A Herdade do Esporão é um propriedade enorme, talvez uma das maiores de Portugal. Ela é tão grande que não pode usar todas as suas terras para plantar uvas porque já atingiu a cota de produção de vinhos determinada pela Comunidade Européia. Parece que eles vão um campo de golf por lá, e Al Pacino vai ser um investidores (notícia quente, hein galera. Escutei da boca do dono da Esporão, que estava em uma mesa ao lado da minha no almoço)

- Fiquei muito decepcionado ao saber que o ano de 1267 que aparece na logo da Herdade é o ano em que a fazenda foi demarcada e não quando eles começaram a fazer vinho. Mais decepcionante ainda, descobri que o primeiro vinho da Esporão só foi lançado em 1989!!! Não bastasse isso, o principal enólogo da empresa é um Australiano!??!

- Mas tudo bem, não quero parecer mal agradecido, visto que fomos muito bem recebidos nas instalações da empresa. A nossa guia pela vinícola, cujo nome eu esqueci, era muito simpática e soube responder a todas as minhas perguntas... Só achei que ela vacilou um pouco quando eu pedi para ela me dizer onde ficavam os melhores lotes da fazenda.

- Vamos ao vinhos. Degustamos 4 vinhos antes do almoço. Que esqueci de anotar as safras. Mas eram todas recentes.
- O Monocasta Branco Verdelho
- Reserva Branco (ainda um pouco jovem)
- 4 Castas ( um tinto novo que a empresa está fazendo, a partir de adivinha quantas uvas diferentes...)
- Private Selection Garrafeira ( muito jovem, muito doce, muito internacional pro meu gosto)

- O almoço na restaurante da Esporão estava excelente. Não sei se vale a ida até lá, mas se estiver por perto com certeza vale dar uma esticada. Tomamos os vinhos:
- Rosé
- 2 castas (o irmão branco do 4 castas)
- O Reserva 2006 ( o melhor do dia)

- Resumo da ópera. A Esporão é uma empresa enorme, muito bem administrada, mas seus vinhos não fazem o meu estilo. Todos eles são muito modernos, falta uma identidade para os vinhos. E estou um pouco enjoado desses vinhos que tem um ataque doce, que se baseiam no uso da madeira com uma das características principais. Mas de qualquer forma valeu demais a vista.

- No mais o Alentejo é uma região bonita, um tanto bucólica, com a paisagem dominada por grandes planícies levemente onduladas até a onde a vista alcança.

Em breve a parte italiana da viagem, aguardem.

Resumo dos vinhos até agora
- Leda 07 – Casa Ferreirinha
- Meandro do Vale Meão 06 – Quinta do vale Meão
- Herdade do Esporão “Verdelho”
- Herdade do Esporão Reserva branco
- Herdade do Esporão “4 Castas”
- Herdade do Esporão Private Selection Garrafeira
- Herdade do Esporão Rosé
- Herdade do Esporão “2 castas”
- Herdade do Esporão Reserva 06

domingo, 11 de outubro de 2009

Vinhos da Borgonha

Em seu monumental “Atlas do vinho”, Hugh Johnson escreveu: “Deixemos Paris ser a cabeça da França e Champagne, a sua alma; a Borgonha é o seu estomago”. A Borgonha é de fato uma terra com muita história, rica tradição e de gastronomia influente no resto da França. Já se produz vinho naquelas terras há milhares de anos e sua gente conhece cada palma daquela terra melhor do que a si mesmo. E seus vinhos estão entre os mais famosos do mundo. Afinal é a terra da Pinot Noir e da Chardonnay. Precisa dizer mais?

Os vinhos borgonheses costumam ter um status mais cult em relação aos suntuosos vinhos de Bordeaux. Para alguns, a Borgonha é o que há de mais sagrado quando se fala da combinação “Terroir” + “Uva”. Mas a impressão que eu tenho é que os Borgonhas são como aqueles filmes clássicos e complicados. Todo mundo que quer parecer inteligente diz gostar, mas apenas poucos realmente os entendem.

E eu não sou um deles! Confesso que ainda não consegui vislumbrar mais do que um borrão da alma da Borgonha. É lógico que eu tomei pouquíssimos Borgonhas na vida. Dá para contar nos dedos das mãos... E nunca tomei um grande Borgonha. Eles são caros, muito caros. Principalmente aqui no Brasil. E, se a própria ‘Master of Wine’ Jancis Robinson, em seu livro “Confissões de uma amante dos vinhos”, afirma que comprar borgonhas é como brincar de roleta russa, quem sou eu para pensar o contrário.

A questão se resume assim: Todo bom Borgonha é caro, mas apenas uma minoria vale o seu preço. Isso é sinônimo de frustração. Nesse momento da minha vida, não estou disposto a ficar arriscando R$ 200 – R$ 300 (pra começo de brincadeira) procurando os vinhos que valem a pena. Não dá. Só para deixar claro, essa questão da defasagem entre preço e prazer não é exclusiva da Borgonha, vide os Brunellos da vida, para dar apenas um exemplo, mas há milhares de outros...


No momento em que escrevo esse texto estou tomando um Chassagne-Montrachet 2003, do produtor Albert Bichot. Esse já é o terceiro vinho que eu bebo desse produtor. Nenhum me empolgou. Inclusive um dos vinhos que eu tomei, um Santenay 2002, foi comprado em Paris, por indicação de um vendedor que me pareceu bastante simpático e preocupado em achar o melhor vinho que se encaixasse no meu orçamento.

É um vinho interessante? Com certeza! É um vinho elegante e equilibrado? Lógico! Mas qual o problema então? A questão é que é um vinho que não empolga. Só isso. Ele tem essa caráter austero, com taninos bem presentes. Mas no nariz é um tanto decepcionante. Eu tive que me focar e prestar bastante atenção para identificar alguma coisa nele. Por traz de uma camada de aromas secundários que remetem ao animal ou herbáceo talvez, ele tem uma fruta bem negra... lá no fundo. É gostoso. E isso eu estou sentindo agora, de noite, tomando o resto da garrafa que sobrou do almoço. Por que quando foi aberto estava muito mais fechado.

O site da Expand afirma que este vinho custa R$ 170,00. Se eu for pensar na infinitude de vinhos que por esse preço me levam por um passeio pelas estrelas, dá para começar a entender a minha insatisfação, não é? Com certeza consigo gastar menos e beber um belo de Pinot Noir da Nova Zelândia, com uvas cultivadas pelo próprio produtor e vinificado com todo o carinho do mundo.
É lógico que Borgonha é Borgonha e Pinot Noir da Nova Zelândia é outra coisa, mas vai me dar mais prazer e ponto!

É tudo uma questão de expectativas. Se alguém me desse esse mesmo vinho para eu beber dizendo se tratar de um Pinot Noir chileno que custa R$ 40,00. Eu certamente teria ficado muito satisfeito e empolgado para comprar algumas garrafas dele...

Para complicar mais a situação tem as diferenças entre as safras. Uma tabela simples que eu tenho, que põe todos os Borgonhas tintos sob uma mesma pontuação, diz que a Safra de 2003 foi boa. Mas e esse vinho especificamente? Eu abri a garrafa na data certa? Deveria ter aberto antes? Só poderia responder isso se eu tivesse comprado uma caixa dele e abrir uma garrafa a cada ano... E gastar R$ 1000 numa caixa de vinho para no futuro poder dizer que eu entendi UM dos vinhos de UM dos produtores da Borgonha certamente é brincar de algum tipo de roleta-russa monetária.

Apesar de tudo, o site da Albert Bichot é bem instrutivo com mapas interativos da Borgonha e suas vilas. Porém ele é feito para quem tem conexões de internet padrão Japonês, mas vale a espera.

http://www.bourgogne-bichot.com

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Quem é Isabel Guilisasti Gana

Isabel Guilisasti, 50, é uma das pessoas por tras do atual crescimento e sucesso da vinícula Concha y Toro.

Graduada em artes na universidade católica (qual delas eu não sei). Hoje é responsável pelo marketing dos vinhos tops da Concha y Toro (vinhos de origem controlada, penso eu)

fonte:
http://people.forbes.com/profile/isabel-guilisasti-gana/84459

50 Years Old
Isabel Guilisasti, A graduate of the Catholic University with a degree in Art and with advanced studies in marketing. In 1998, she was appointed marketing manager of Vina Cono Sur and in 2000 she took over as Director of Communications of Concha y Toro. In 2001 was named assistant manager for International Marketing of Fine Wines responsible for Concha y Toro's ultra premium brands. In 2004 was named Marketing Manager Origin Wines.